Não sei se já alguma vez tiveram essa doce sensação de “it doesn’t get much better than this”, aqueles momentos em que de repente, do nada, por motivo nenhum em particular, nos sentimos incrivelmente bem e realizados.
Lembro-me claramente de um momento assim, há uns atrás na minha casa de Haia, um dia qualquer que se tornou especial só porque me senti contente, apaixonada pela vida, pelos meus amigos, pela minha família.
Este fim de semana tive cá duas amigas pra jantar no sábado. Duas pessoas que vi poucas vezes mas de quem gosto muito, porque as admiro por serem mulheres fortes, desenrascadas, cheias de planos, vontades, garra, com dúvidas e concretizações, apaixonadas pelo ser humano e por uma vida cheia de mudanças, sempre prontas pra arriscar, que insistem em ser felizes mesmo quando a vida lhes dá limões azedos. Mulheres educadas, interessantes, e perdoem-me a expressão, “mulheres de tomates”, independentes e viajadas. Elas não se conheciam, mas vão viver pra mesma cidade e achei que era bom apresentá-las para que pudessem, quem sabe, ser amigas também. Talvez gostassem uma da outra como eu gosto delas. Preparei a casa e o jantar, as meninas vieram de longe e trouxeram o vinho, e das nove da noite às cinco da manhã, foi até que a voz nos doesse e o vinho nos inebriasse.
Não sei como é que não ficamos sem voz e como é que permanecemos sentadas tantas horas à mesa, afinal tenho sofás bem confortáveis. Mas à boa Portuguesa, o melhor é mesmo sentada em frente ao prato, e assim se passou uma noite de sábado tremendamente agradável. E tal como previa, as meninas também gostaram de se conhecer e ficarão com certeza amigas.
Deste jantar saíram viagens planeadas em conjunto e muita partilha de peripécias e gargalhadas. E o que para mim representa ainda mais, a entre-ajuda despontou de coração aberto, como se quer numa terra que não é a nossa.
Se seríamos amigas em Portugal? Talvez, e não digo com certeza porque a amizade quando se está emigrado não é feita ou construída da mesma forma que quando se vive no rectângulo.
Quando já vivemos num sítio há muito tempo e já temos amigos e família por perto, é raro que tenhamos vontade de conhecer gente nova e temos muito quem nos ajude num momento de aflição. Quando se vive fora, principalmente quando se acaba de chegar, as pessoas têm necessidade de conhecer outros e uma mão estendida que a nós nos parece fácil e imediata, passa a ter uma importância e um significado ultra-dimensional.
Aquela pessoa que conhecemos nos anos da Mariazinha em Aveiro e com quem tivemos uma conversa gira, continua a ser a amiga da Mariazinha e possivelmente nunca mais a vemos porque até somos do Porto e não vivendo na mesma cidade, encontrarmo-nos será difícil e raro, e assim nos passa ao lado mais uma pessoa. Se pelo menos fosse um tipo(a) jeitoso(a), ainda se trocava uns sms e tal, podia dar numa paixoneta, agora mais amigo(a)s? Isso já dá muito trabalho e pouco retorno.
Mas essa mesma pessoa, se conhecida numa festa na casa da Sofia num sábado em que não se passava nada e a solidão era o outro cenário, passa a ser não só digna da mesma atenção em termos de conversa, como digna do nosso bem mais precioso: de TEMPO. Marca-se actividades em conjunto, um jantar, uma viagem, descobrem-se amigos comuns, paixões comuns, um almoço (meus ricos Rogério e Leena que me convidam pras feijoadas de domingo) aqui, um soprar de velas de aniversário acolá, ajudamo-nos uns aos outros a mudar de casa, a pintar casas (os 9 magníficos que estão no meu coração forever!), a arranjar inquilinos uns pros outros, dá-se a mão e dá-se o coração e a amizade.
E este sábado foi mais um dia destes, em que a bondade foi o mote e a energia boa e positiva o que mais fluiu dentro das minhas paredes e no Domingo quando acordei estava mega bem disposta.
Atenção que esta alegria já vinha desde sexta, onde graças a um destes amigos forjados fora de casa, consegui alugar um dos quartos da minha casa de Lisboa. Neste momento tenho lá 3 graças, todas elas resultado desta gente boa que conheço como emigrante que sou.
Tomamos o pequeno-almoço/almoço, aproveitamos a tarde de sol e tomamos um chá num dos meus cafés favoritos de Amesterdão, deixei as meninas no tram por volta das cinco, e empreendi viagem com os meus 3 biscoitos pra casa dos meus vizinhos. De quatro, três vizinhos fizeram anos no espaço de uma semana. Em casa dos P2 estavam mais 4 amigos, na mesa havia patas de sapateira, bolo e champanhe pra celebrar. Sentei-me à mesa com um sorriso radiante, do outro lado da mesa uma grande amiga: é domingo, é hora do lanche, e estou com a família à mesa. A vida é uma benção Thessa Maria, it doesn’t get better than this!!
A minha amiga mandou uma gargalhada, e eu, a sentir-me num anúncio publicitário de Thanks Giving, dei um abraço e um beijo a mais um amigo que apareceu do lado direito pra me cumprimentar. Nestas alturas sente-se o coração cheio, que transborda, a barriga confortada e o ar parece uma manta de aconchego. Há quem lhe chame o que todos buscam incessantemente: felicidade. Eu sinto-me tremendamente abençoada.
olá andorinha, boa noite. espero que não lhe pareça lamechice, mas vir aqui ao seu blog, e ler tanta vida, tanta energia, e realidades tão distintas das minhas, funciona como um respirar de mundo lá fora (nem sei bem o que isto quer dizer, mas enfim…). estas experiências que aqui relata com tanta objetividade fazem-me perceber que há pessoas a viver a vida e a tentar percebê-la naquilo que ela de melhor tem para transmitir. continue assim. boa semana. um beijinho. 🙂
Você é tao querida. Deixa-me sempre um comentario e eu nem sempre respondo pq me falta tempo pra responder a todos, principalmente a quem comenta ao fim do dia, peço-lhe tantas desculpas!
Mas eu leio sempre! E se a animo, entao maravilha, é isso que se quer!
Pegue la uma beijoca e animo! Um grande beijinho pra si e uma boa noite! Amanha vou por aqui um video que lhe vai explicar porque é que eu lhe pareço sempre tao contente!