17 de Julho de 2015, Guatemala
O ceremonial dos Chamans é ancestral, reporta-se às tribos Índias que os colonizadores dizimaram por esta América fora, e que na Guatemala ainda representam uma enorme fatia da população. Os Queqchies, quiché, mam, pocomam, caqchiquel, ixil, queqchi, tsutuil e jacaltecas por exemplo, mantêm vivas várias das suas tradições, tudo misturado com as tradições católicas vindas de Espanha em 1570, huppiles e cruzes, procissões do Cristo Sepultado e rituais espirituais dos Chamãs.
Nós fomos participar dum ritual liderado pelo Don Máximo, que tinha o dom da palavra e que foi capaz de nos emocionar.
Gostei muito, mesmo muito.
Sal, resina, velas, ervas de cheiro, pedidos de benção à Mãe Terra e a Deus. Ninguém entrou em transe, não houve gente a tremer ou a beber sangue, foi só uma oração conjunta e diferente do habitual. E se tivesse oportunidade de fazer isto uma vez por ano, era gaja pro fazer. Fez-me lembrar o “Bom dia Senhor” que fazíamos na Candeia e que nos aproximava dos miúdos. Aqui também nos aproximou um dos outros, e saímos todos de lá encantados!
Demos uma voltinha por um mercado local, daqueles mesmo a sério sem turistas, daqueles onde as pessoas nos olham ao mesmo tempo que se questionam: mas que raio está este alien aqui a fazer?! Ou seja, o sítio perfeito pra vermos o dia a dia. Vi imensas crianças por ali a brincar e algumas a trabalhar que deviam estar na escola, outras a tomar conta dos irmãos mais novos, mas também vi muitos miúdos e miúdas à saída da escola, todos sem excepção vestido com roupa ultra colorida e bordada e tecida à mão.
Não sou de tirar fotos a miúdos, mas eles são irresistíveis nas suas brincadeiras inventadas, como nesta corrida de caixas de fruta.
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Reparem no carrinho dos gelados em forma de camião, delicioso! |
Tive pena de não me poder lá sentar uma tarde inteira, mas o pitéu já esperava por nós. O almoço foi num restaurante fantástico (Casa del Obispo) onde a carne era manteiga e o gelado de fruta sem leite ou natas. Este sítio tão especial já foi descrito em livros que ganharam prémios literários e cujos excertos podemos ler nas paredes. Comemos soberbamente – aliás, come-se muitíssimo bem na Guatemala, têm imensa variedade. Ainda não repeti um prato, sempre à base de carne, mas com muita variedade. No fim do almoço a Dona e cozinheira do sítio vem procurar pela menina intolerante ao glúten, porque se tinha esquecido e posto molho no bife dela (o molho tinha farinha) , e pra recompensar tinha um doce gluten free. E é assim que eu me vejo a braços com um belíssimo frasco de doce de carambola, feito pelas mãos de uma Chef Guatemalteca!
Sim, sim, já sei, nasci com o cú virado pra lua, what else is new 😉
Entramos na carrinha a rebolar e fomos ao Cerro de la Cruz ver a cidade de Antígua em todo o seu esplendor.
Passamos o resto da tarde no relax e na conversa, jantamos em casa e fomos conhecer a chiconight local. Dancei como há anos que não dançava, suei que nem uma parva, ri-me que nem uma perdida a ver os alemães e holandeses a dançar descordenadamente enquanto as santas das Guatemaltecas, cheias de paciência, os guiavam e tentavam fazê-los parecer menos mal. Mas é dificil quando a técnica de baile dos elementos é pegar de estaca com os pés e mexer unicamente os ombros e o braços.
Sim, chorei a rir. E sim, lembrei-me de toda e de cada uma das minhas noites de Erasmus, ah, saudade!
Highlights
Chaman
Mercadinho da aldeia
Restaurante 5 estrelas
Cerro de La Cruz
Chicoteca local
Eleição da Rainha da Escola
Todas as fotos da Viagem À Descoberta da América Central estão no Albúm de fotos do Facebook da Andorinha Desnorteada.