EU NÃO QUERO SER MÃE.
Não tenho vocação pra tal, assim como não tenho vocação pra ser chefe de ninguém.
São duas coisas que não me assistem.
Por isso :
Deixem de me perguntar se não me vou arrepender.
Deixem de me dizer, como se estivesse a cometer um pecado capital ao dizê-lo, que não diga isso.
Deixem de me chamar egoísta por não querer ter filhos.
Deixem de me chamar arrogante por ter certezas absolutas.
Deixem de me chamar amarga porque pensam que não tenho filhos por não ter encontrado um companheiro.
Deixem de me falar das maravilhas da gravidez, porque nunca na vida me vão convencer que ficar do tamanho duma vaca redonda e dar leite é a última coca-cola do deserto.
Deixem de me convidar pra festas de crianças, eu posso gostar muito dos vossos filhos, mas continuar a não suportar um conjunto de choros e pequenas proezas dos infantes.
Deixem de me dizer que quando for mãe é que vou perceber.
Não me vou arrepender.
Não é pecado, é um sentimento pessoal.
Não sou de todo egoísta, tomara eu conhecer pessoas tão altruístas como eu.
Não é arrogante ter certeza de que não se tem vocação pra algo.
Não sou amarga, sou muito amada, e sempre fui, há coisas que acontecem e outras que não, e há coisas que podem vir a acontecer e outras que pura e simplesmente não estão escritas no nosso destino: deal with it.
Não acho que ficar enjoada que nem uma pescada, cheia de dores nas costas, contracções e pernas inchadas, mamas do tamanho dos Himalaias seja bom.
Não me divirto em festas de crianças nem hoje, nem nunca.
E definitivamente, não vou ser mãe, por isso eu nunca vou precisar de saber.
Ter 37 anos, estar a chegar aos 40 e não ter filhos, não me desespera, não me apoquenta, não me aflige, não me chateia, não é algo que me tire sequer um minuto de sono ou me traga qualquer ponta de ansiedade. Não me vai fazer mais adulta, melhor ser humano, ou sequer mais mulher.
Por isso parem com a puta da conversa da maternidade, que já não há cú que aguente. Não quero, não tenho vocação nem intenção sequer remoooota de parir e por mais um ser neste mundo, não é a minha praia.
Por muito amiga que seja, por muito à-vontade que tenha, nunca perguntei semelhante coisa a ninguém, muito menos repetidamente e/ou numa de evangelizar para a maternidade. Há decisões na vida (e se esta faz parte do top dessas decisões!) que são tão pessoais que, podendo ser conversadas, não podem nunca ser discutidas porque não são para terceiros entenderem, estudarem, esmiuçarem nem tentarem mudar! Gostava de ver a situação oposta: uma não mãe a evangelizar as mães para – quem sabe – abandonarem os filhos e serem livres e desimpedidas. Havia de ser bonito! Confesso que esta é matéria que me dá comichão nos locais mais recônditos da minha pessoa.
Subscrevo completamente… uma pessoa não manda ninguem ter filhos tambem, por isso, deixem quem não os quer ter quietinhos.
Como te entendo!!! Ainda noutro dia escrevi sobre isso mesmo no blog… No meu caso não tenho certezas ainda, nem consigo dizer categoricamente que a maternidade não estará no meu futuro mas adorava que me deixassem em paz, não me fizessem perguntas parvas, não me dessem conselhos não solicitados e não me tratassem como se fosse anormal por não tomar as decisões que parecem esperar de mim. Ah… e tenho a certeza que se algum dia for mãe não me vão crescer neurónios alguns por isso a história de "só quando fores mãe é que vais entender " é uma balela do maior calibre!
Já somos duas! Sou enfermeira num serviço de Pediatria. Definitivamente, ser mãe não é tarefa ou papel que deseje, nem nunca desejei… Dizem que se ganha bastante com a maternidade, pudera! Há tanta coisa má que se não compensasse qualquer coisa, ninguém tinha filhos! Eu cá prefiro não arriscar… 🙂
Beijinhos, Andorinha!
Ehh pá, tu és do raio do catano! Clap clap clap.
Eu já desisti de tentar explicar que só porque sou mulher e tenho um aparelho reprodutivo não tenho que parir, que a canalhinha, caga e mija e berra e eu isso tenho todos os dias no colégio x30. O meu relógio não tocou, não toca e perdeu a pilha, deal with it. Lool.
Cá beijinho
Cada um é livre de decidir o que quiser – mas se te chatearem muito e não quiseres dar explicações sobre a tua vida, responde que ainda tens muito tempo à tua frente! (história real – a minha prima casou aos 45 e teve a filha aos 46).
Não tenho filhos e não sei se alguma vez irei ter. Respeito a opinião e até concordo em muitos pontos. Realmente são só preocupações…… olhando para esse cenário qualquer um vacila……. o facto de estarem sempre a perguntar insistentemente chega a provocar a ira de quem tem uma opinião sólida e que apenas quer que os restantes respeitem…….. entendo tudo isso. O que me traz algumas reservas é o uso da palavra nunca por parte da Andorinha. Não duvido que esteja decidida e que leve por diante a afirmação do nunca, alias as pessoas que insistem com a Andorinha deviam saber que apenas fortalecem mais o seu "nunca". Agora vem a frase batida……. "nesta vida não há certezas" provavelmente durante a vida a Andorinha deve ter tido muitas certezas que acabou por abandonar, revelando-se essas mesmas certezas como uma fase. É certo que há muitas desvantagens, não o nego, mas o que me assusta é chegar a velho e não ter um filho(a) com quem ir ter, com quem falar. Falo apenas por mim, não tenho qualquer interesse em convencer a Andorinha seja do que for. Também concordo com a sobrecarga de responsabilidade atribuida á mulher, sem duvida terei de ter atenção a isso quando, e se, for pai. Existe uma forma muito eficaz de resolver essa questão de a chatearem por causa da maternidade. Torne o assunto tabu….. em vez de mostrar argumentos e entrar em discuções, apenas responda que o motivo pelo qual não pensa no assunto é simplesmente pq lhe falam no assunto. Se insistirem acuse-os em tom de reprovação "Tu não queres mesmo que eu tenha filhos……..impressionante", assim inverte a posição e quem a questiona passa a ficar com o sentimento de culpa. Não sei se isto faz algum sentido para a Andorinha, é apenas o que faço quando querem que mude de opinião á força.
Amen, sister.
(esqueceste-te de uma: se um gajo mudar de ideias, ou se arrepender, pode adoptar. e aí, não me digam 'não é a mesma coisa', fuck you, um filho é um filho, venha da barriga, da cegonha, ou de um orfanato)
Muita bom : )
Concordo com tudo só mudava o "Ter 37 anos, estar a chegar aos 40 e não ter filhos" para "Ter 40 e não ter filhos". Pronto é isto.
Tenho 35 e costumo responder com: Mas é obrigatório?!
Não sou de escrever opinião em blogues pessoais mas agora apetece me mesmo partilhar o que penso. Eu estou a um mes dos 36 e o meu instituto maternal so deu sinal de vida há uns meses atrás, ja depois de estar gravida, estou de 5 meses. Convenci me sp que não queria, que não tenho jeito, paciência…..que não me queria privar de tudo o que gosto de fazer para cuidar de outro ser. E já tenho o meu cão que amo de paixão e que para mim já é o meu bebe. Bem todas as desculpas eram boas. Aterrorizava mea gravidez, o parto. TUDO. Casei, descutimos muito o assunto (o meu marido queria muito mas nunca me pressionou ou coisa do genero) e nos entretantos comecei a pensar que era capaz de ser giro ter um bebe de alguem que amo tanto e que era o tal "fruto" desse amor. Bla bla bla e la bem no fundinho tambem nao me imaginava daqui a 20 anos sou eu e ele e uma rabanhada de cães. Entao assim num ato de deixa ver a natureza o quer, à primeira pimba!!! Quando vi o positivo fiquei em choque. Não estava de todo preparada. Os primeiros 3 meses foram assim de transe. Nem sei explicar. A primeira eco chorei de desespero e alegria. Ainda hoje me parece mentira mas sentir a minha menina dentro de mim é como um milagre é mágico. Não vejo a hora de a ter nos meus braços, de a estrafegar, de a ver com o meu cão. Opa é inexplicável esta mudança. Eu tb não a entendo, sinto me confiante e tranquila como nunca. Eu acho que se o meu marido não quisesse, eu teria optado por não ter filhos e também acho que não seriamos menos felizes por isso porque somos pessoas ativas. Adoramos fazer coisas juntos e estamos sempre a inventar. Ele foi fundamental na minha decisão. É o maior projeto a dois…e até ao momento temos feito tudo juntos, compras, consultas…e é uma nova fase e é muito giro. Ter um companheiro à altura é fundamental. Digo eu!!! Agora é uma decisão para a vida e sentir pressão da sociedade não pode ser a razão para tal passo. A mim nunca ninguém me pressionou porque nunca ninguém me viu como mãe. Tal era o meu desapego!! E toda a gente, mãe, mana, amigos ficaram de boca aberta 😉
Cada um sabe de si mas o sempre e o nunca são muito definitivos (como eu costumo dizer, são muito tempo)…e tudo na vida pode mudar assim do nada. Com ou sem filhos o importante é sermos felizes e com certeza há felicidade em ambos os lados.
Ahhh eu também acho que ninguém é verdadeiramente feliz sem um cão, o que é um disparate mas para mim é uma verdade absoluta. 😉