Este texto está tão bem escrito. Revi-me em quase todas as linhas, principalmente nas finais. Muito bom mesmo, leiam: Por onde andam as pessoas interessantes.
Uma semana dura
Não só porque tive muito trabalho, isso já é o habitual, mas porque a burocracia também me bate à porta para fazer mossa e me deixar com os nervos em franja. E não foi do Estado Português. Nem do Holandês.
Ampulheta
Sinto a cabeça cheia, mas não sei como a esvaziar.
Normalmente quando está cheia é porque parece um plano de projecto, cheio de tarefas pendentes, e listas de coisas para resolver.
Só que desta vez sinto o cérebro emaranhado, um novelo de lã cuja ponta não consigo encontrar. Está cheio, mas nem sei de quê.
Quando escrevo organizo ideias, mas desta vez isso não está a funcionar.
Sinto-me cansada, não tenho vontade de trabalhar, e acabei de vir de 4 dias de férias.
Apetece-me enfiar um lápis na têmpora, virar a cabeça pro lado e deixar a areia sair, esvaziar.
O que nos traz a capacidade de “desistir”?
A mim ajudou-me a avançar no presente e a fechar capítulos no passado.
E a vocês?
Esta conferência é super interessante, vale os 25 minutos inteirinhos.
(via SwissMiss)
Manipuladores – como identificá-los
Batman, superman, 696969, really?!
A sério que as vossas passwords são tão básicas?
A sério?
Não põem fotos dos vossos filhos no facebook porque não querem expôr as crianças, e deixam os vossos computadores pessoais, onde a vossa vida está toda no vosso email e no folder com fotos e vídeos, e onde acedem à vossa conta bancária, à mercê dos hackers com passwords básicas como estas.
A sério? Really?
Arranjem um cérebro, pa.
Amor, paixão ou “enfatuação”? Talvez apenas efabulação?
http://observador.pt/2015/01/15/quer-apaixonar-se-faca-estas-36-questoes/
Poderá um questionário fazer-nos apaixonar por outrém?
Quando conheço uma pessoa, uma das primeiras perguntas que faço (depois de nome, idade) é: o que é que te faz feliz?
Isso trouxe-me muitas e boas amizades, se calhar se seguir este questionário ainda arranjo mas é um marido, que medo.
O que acham? Li isto e achei-lhe um piadão, estive a pensar… e se eu publicar estas respostas todas aqui no blog, quantos apaixonados ganharei eu?
A vida lá fora – parte II
Já agora uma adenda, este fim de semana estive num casamento e tirei várias fotos com amigos, sempre na palhaçada, e cada uma delas foi tirada com um fito especial: mandá-las à Tuxa, que não pode estar presente porque agora vive onde Judas largou as botas, e estava cheia de pena por não poder estar presente. Só não veio porque não deu mesmo, mesmo. Mas eu sabia que era muito importante pra ela poder cá estar, e sei acima de tudo o quanto custa não poder estar presente.
A tecnologia é algo maravilhoso quando usado da forma correcta.
A Tuxa pode estar um bocadinho connosco, saber que não nos esquecemos dela, ver uns vídeos feitos pra ela e receber beijos de todos.
Eu sei que ela ficou muito feliz, e que I’ve made her day, e isso não tem preço.
Viva o whatsapp! E viva a Tuxa 😉
No entanto não publiquei uma única foto das que lhe mandei, e olhem que estão bem giras. Mandei-as às pessoas que estão comigo nas mesmas, e se quiserem, se gostarem, podem publicá-las.
Mas o momento era dos que lá estavamos, e dos que queriam muito mas não podiam estar de todo, e para isso pode-se, em vez de exteriorizar pro mundo todo, fazer um mimo e um agrado e mandar por mensagem pessoal às pessoas um momento especial. Todos participamos, noivos inclusive, e em vez de exercermos narcisismo, exercemos altruísmo.
A vida lá fora
Aqui há uns meses li um texto (de cuja origem não me lembro) que dizia algo como “as pessoas estão tão preocupadas em exteriorizar que se esquecem de interiorizar”. Isto sobre o facto das pessoas passarem o tempo todo a gravar os concertos com os telemóveis.
O que é facto, é que esse dito texto mudou a minha maneira de estar nas redes sociais.
Eu sempre tive o blog, sempre partilhei demais o que faço e do que gosto, por isso o Facebook não foi uma epifania para mim.
Mas é uma revelação para muita gente.
As pessoas partilham demais, há demasiada falta de decoro e privacidade, e exageram no que mostram ao “seu mundo”.
No entanto, o facto de eu Sofia, achar que é partilha a mais, não invalida que tenham todo o direito de o fazer. E eu todo o direito de o ignorar.
Só que o mural do FB não é um muro opaco, é uma porta transparente que põe a nú se a pessoa se sente sozinha, se está infeliz ou despreocupada, mostra claramente o evoluir de relações interpessoais que deveriam permanecer na esfera privada.
Quando alguém vai de férias com outrém e passa os dias a postar fotos de tudo o que vê (falo dos posts com mais de 10 fotos por dia), os motivos são claros e limitados:
– informar a família de que está tudo bem a cada passo;
– mostrar aos outros o que atingiu e o quanto se está a divertir em God knows where, vulgo, esfregar na tromba do outro que fez a viagem A, B ou C;
– sente-se tremendamente sozinha, e por isso partilha para obter reacções que a façam sentir acompanhada;
– mostrar a alguém “que ficou em terra” quem é e o que faz em viagem, uma espécie de folheto de venda pessoal que mostra o quão “cool” se é;
– puro e simples exercício de narcisismo.
Na maioria das vezes, o que para mim acontece, é que há uma falta de respeito enorme pela(s) pessoa(s) que nos estão a acompanhar, seja na viagem, seja no jantar, seja no concerto ou na peça de teatro, porque se convidamos ou fomos convidados por alguém pra fazer uma certa actividade, então é porque queremos estar com essa pessoa, não com o resto do mural do FB ou do Instagram. E se estamos constantemente a postar o que estamos a fazer, é porque possivelmente não estamos satisfeitos com a companhia.
Pelo menos é assim que eu me sinto. E foi isto que o tal texto sobre “exteriorizar em vez de interiorizar” me fez pensar.
É natural, se vejo algo de cortar a respiração ou que me emocionou, que o partilhe aqui no blog (no meu caso) ou no FB ou no Instagram, mas porquê partilhá-lo naquela hora ou naquele momento e passar o resto da noite atrás da password de wifi do restaurante ou do bar pra poder partilhar em real time?
Se fui a um restaurante extraordinário e amei a comida, posso até tirar fotos aos pratos, coisa que já fiz muitas vezes, e partilhar depois juntamente com uma resenha do restaurante e devidos links com contactos, para que outros possam experimentar aquele restaurante quando lá forem. E quem diz isso, diz partilhar o local e nome do restaurante, juntamente com um pequeno comentário como “recomendado” ou então “intragável”.
Se vou de férias e adorei uma determinada paisagem, tiro fotos, aponto, e depois partilho para que outros possam usar a mesma rota, quisás, ou abrir o apetite a outros para que visitem aquele sítio em particular. Faço-o imensas vezes no blog, e leio com todo o gosto os blogs de outros e pesquiso as suas experiências e escolho o que fazer em viagem com base nisso. Mas fotos de pés na areia não me dizem nada. Ou uma selfie que diz “praia” ou “Canárias”, também não me diz puto sobre o sítio onde estavam e se gostou ou não.
Se vou a um casamento, que necessidade é que eu tenho de publicar no mural dos noivos, ou identificá-los para que tal aconteça, que estou lá naquele momento? Reparem, se só se convidaram 50, 100 ou 150 pessoas pro casamento, é porque os noivos não queriam convidar mais gente para aquele momento íntimo. Ou se calhar até queriam, mas não puderam fazê-lo financeiramente, por isso deixem-nos a eles, aos noivos, publicar uma foto deles com o texto que lhes apetecer, sobre aquele acontecimento na vida deles, e depois de eles publicarem, postamos uma foto nossa, mas again: depois! Não tem que ser na hora, naquele momento.
Eu sou culpada destes pecados todos, mas mudei a minha forma de fazer as coisas depois de entender que, ao estar tão preocupada em exteriorizar a cada momento o que estava a fazer, não estava a aproveitar o momento actual, e principalmente, não estava a apreciar as pessoas com quem estava. E se calhar até estava, mas se calhar e muito possivelmente, não.
Quando fui de férias a Marrocos este ano em Maio, pus uma selfie na hora da partida, com uma cara de morta viva, estava arrebentada, mas a dizer que estava fora. O objectivo da foto era informar as pessoas que não me ligassem, que não me mandassem emails, whatsapp ou mensagens. Estava FORA. OFF. E estive. Postei uma foto uma semana depois de vir, uma foto do amanhecer no deserto, que para mim foi O momento e que recomendo vivamente.
Não o fiz pra “cagar postas de pescada”, pra fazer inveja, pra meter nojo, ou pra me auto-promover como viajante profissional. E enquanto viajei fiz questão de aproveitar os momentos para conhecer as pessoas com quem fui, e o certo é que fiz amigos, coisa que não acontecia há anos em viagem. Dá que pensar, não dá?
Estamos sempre “ligados”, sempre “on”, sempre a pensar no que os outros pensam, se fulano de tal e beltrana de tal vão gostar daquela foto, daquele momento, ou ficar roídos por não estarem lá. E não, o mural do FB, não é o vosso diário de bordo, é o vosso expositor.
E já agora que comecei, ficam os pontos todos nos is.
O que é que eu penso quando me estão a falar sobre como é ser-se Mãe ou Pai:
– Homens: 95% das vezes penso na minha sorte em não ter copulado com o elemento e ser agora a pomposa mulher e mãe das suas criaturas. Deixo esses 5% que restam para aqueles muito raros que me inspiram um: este tipo é um Pai bestial!
Por isso, quando me perguntarem se não quero ser Mãe, OUTRA VEZ, lembrem-se disto: eu vou estar a olhar pra vocês e a pensar: no fucking way, nem que me pagassem. Não tenho outro pensamento a cruzar-me a mente, juro.
– Mulheres: 95% das vezes vou estar a pensar neste texto do João Miguel Tavares no Pais de Quatro:
“e a mãe continua a trabalhar muito mais dentro de portas, continuando a ser a grande “sacrificada” (um dos adjectivos favoritos das mães de família).
Ainda que eu não negue a existência desse desequilíbrio, faço questão de chamar a atenção para um aspecto do problema que tende demasiadas vezes a ser esquecido na discussão: o poder. O poder das mulheres dentro de casa. O poder que elas detêm sobre todos os aspectos da vida doméstica: sobre onde vamos quando saímos, sobre o que os miúdos vestem, sobre o que fazemos no fim-de-semana, sobre que empregada devemos contratar, sobre que móveis devemos comprar, sobre onde vamos passar as férias, sobre tudo e um par de botas.”
E nisto que foi dito por uma moça nos comentários, assumindo que a responsabilidade “do sacrifício” é dela. Este bocadinho é duma humildade e auto-conhecimento que poucas, muuuuuuito poucas mulheres têm:
Mas há, no meu ponto de vista, duas questões diferentes. É um facto que estou chegada ao ponto em que sinto que só eu é que sei fazer as coisas e tomar as melhores decisões, e que isso tira a vontade a qualquer um de “se chegar à frente”. É para ver a febre às três da manhã? É melhor ser eu. É para ir ao supermercado? É melhor ser eu. É para estender a roupa? É melhor ser eu. É para ir falar com o professor? É melhor ser eu.
Mas também é um facto que com a chegada dos filhos, eu tive que me “chegar à frente”. Há uma série de coisas que não podem falhar a partir do momento em que há crianças (há sopa feita? há leite? o bibe está lavado? os sapatos ainda servem? ), e apercebi-me logo após o nascimento da primeira, que se eu não deitasse mãos à obra, algum dia a criança ia ficar sem comida/roupa/remédios, e que os mínimos da organização, arrumação, limpeza, não estariam garantidos (sim, sim, os mínimos que eu estabeleço, certamente muito diferentes dos que seriam estabelecidos pelo pai).
Depois é sempre a subir. Cada vez chamamos mais tarefas à nossa responsabilidade, cada vez mais a outra parte se demite (o que convenhamos, dá um jeitaço).
A questão que eu coloco…Haverá retorno?”
Pois é, haverá retorno?
Como a maioria das mulheres que conheço não têm sequer consciência da seriedade do problema e da enrascada em que se meteram, fica aqui este pedacinho de texto pra refletirem.
E do qual se devem lembrar quando me estiverem a fazer a p… da pergunta imbecil pela quinquagésima vez enquanto me dizem que estão muito ocupadas a serem mães pra aturarem aqui a imatura, ou seja, eu.
Pronto, agora experimentem lá perguntar-me outra vez se quero ser mãe que já sabem com o que me vai na alma e aquilo que não vos digo pra poupar mais uma discussão. Ou aquilo que já vos disse mas que vocês preferiram não querer perceber ou mal interpretar.
Recado dado.