Festival Todos em São Bento no Domingo passado

No Domingo passado recebi uma mensagem eram aí umas duas da tarde: queres vir ao Teatro?
Nem perguntei sobre o que era, disse só que sim, e combinei com o pessoal às 3 e meia.
Meti-me no carro e perguntei a direccão: São Bento, Assembleia da República.

Mas não me vou meter em manifs e cenas, pois não?
Não, não, vamos ao Festival Todos.
O que é isso?
Já vais ver.
Quando dei por mim, estava a subir as escadarias da Assembleia. Nunca lá tinha estado, é lindíssimo! 
Sala do Senado.
Estava lá uma moça a fazer uma performance. Não era teatro afinal de contas, mas uma conversa diferente com o público que quisesse assistir, sobre Desigualdade.
Não vou discorrer muito sobre o assunto, porque não me apetece estar aqui a elaborar sobre o que eu acho sobre o que outros acham sobre o “porco capitalista”, ou sobre o quão ridículo é querer delimitar salários máximos numa empresa privada. Vou só dizer que além de não concordar minimamente com o discurso da Senhora, acho que foi uma seca.
Quase adormeci. Foi giro vê-la cantar no púlpito pelo inusitado da coisa, alguém a cantar no púlpito da Sala do Senado, mas fora isso: boooooring.

Saídos da Assembleia, encontro a Manuela, mais uma das minhas amigas que voltou da Holanda e aterrou em Lisboa (do meu grupo de amigos em Amesterdão (e na Holanda), já cá estamos SETE), e eu de repente senti-me numa peça de teatro, em que os personagens de vários actos se reunem todos neste acto presente, todos parte da minha vida passada e da presente, e espero que da futura. Foi uma sensação muito grata, não sei explicar.
Pensando que ia de regresso ao carro, começo a perceber que existem actividades por todo o lado. E vejo um alinhamento de pessoas a …. ler! Em voz alta. Num corredor formado por pessoas que lêem em voz alta, vestidas de negro, passam outros, como eu, que vieram ao Festival, e que os escutam.
Também entrei no corredor, claro! Liam todos o mesmo pedaço de texto, continuamente, mas não estavam sincronizados, logo ouvia-se várias vozes e vários bocados de texto, com entoações diferentes, sobre a igualdade.
Muito giro!

Ainda dei um salto a uma exposição de fotografia, numa casa mesmo em frente ao mercado, e vi como as pessoas do Bairro de São Bento foram fotografadas nos seus pátios, em família, posando como há 100 anos atrás, em fotos com um tratamento que me fez duvidar da temporalidade. Outra coisa engraçada foi ver como os Portugueses são o produto de tantas nacionalidades, vê-se nas feições e nos traços que sugeriam descendências claramente da América do Sul, da Índia, de África e Árabe. Todos muitos morenos, de cabelos lisos e olhos rasgados. Alguns com olhos claros, outros muito baixinhos, e ainda a nova geração mais alta. Vejam o cabeçalho do site pra terem uma ideia: http://festivaltodos.com/
Vim a casa jantar com dois amigos, e regressei ao Festival pra ver a Orquestra Todos.
Dancei até não me consegui mexer, no meio dum ambiente espectacular, com pessoas do mundo todo, muitos Portugueses também, e uma boa onda que não consigo descrever.
A Orquestra é realmente muito boa, as vozes são magníficas, a mistura eclética de instrumentos é cinco estrelas, e fiquei, como não, fã deste Festival que ocorre todos os anos por esta altura em São Bento.
Foi mais um domingo altamente, que não esperava, e que me fez pensar que é por coisas destas que eu regressei. Gosto tanto de cá viver!



4 comments:

  1. é o privilégio de quem vive em Lisboa. por cá, (eu) afastada do epicentro de todos os acontecimentos maiores, vou sabendo das notícias por interposta pessoa, e fico contente por ver que há coisas que mexem, (n)a cidade. boa semana. 🙂

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