No Domingo passado recebi uma mensagem eram aí umas duas da tarde: queres vir ao Teatro?
Nem perguntei sobre o que era, disse só que sim, e combinei com o pessoal às 3 e meia.
Meti-me no carro e perguntei a direccão: São Bento, Assembleia da República.
O único artista plástico de que realmente gosto.
NUNO NUNES-FERREIRA
Exposição: en mi ausencia
GALERÍA JUAN SILIÓ
C/ Sol 45 bajo, 39003 Santander (Cantábria)
E alguém explica decentemente instalações modernas?
Eu continuo a achar isto uma palhaçada, mas enfim, também há a vertente…inspiradora. Ou não.
No Cup of Jo ela explica. Abaixo podem ver o vídeo:
Aliás, este fim de semana que passou tive cá em casa uma miúda Búlgara que é fã da Marina Abramovic por causa deste vídeo e deste momento. E eu suspirei. A romântica que há em mim não se compadece com instalações.
Nome do post: porque é que não gosto de arte contemporânea e não há quem me convença….
Porque é ridículo.
É uma palhaçada as emoções/sensações que dizem que provocam no ser humano como por exemplo a de “inseminar as mentes dos espectadores com pensamentos de harmonia entre a civilização humana e a natureza”.
The sculptor and Conceptualist Wolfgang Laib is the honeybee of the international art world. Since the 1970s, his trademark activity has been gathering pollen from trees and plants in the countryside near his home in southern Germany. He puts the pollen in bottles and flies to distant places around the world to create ephemeral installations of yellow dust on museum and gallery floors and inseminate the minds of viewers with thoughts of harmony between human civilization and nature.
Wolfgang, pazinho, é um quadrado com pólen de abelha! Acabaste de matar milhares de plantinhas que agora nem sequer vão ter hipótese de nascer porque tu achaste que um quadrado amarelo no meio do MoMa te ia valer a eternidade.
E o que eu não dava (not) pra ver um destes trabalhos:
Mr. Laib, who is 62 and gave up medical studies in 1974 to become an artist, creates other sorts of sculptures, including small rooms with walls and ceilings clad in beeswax; blocks of marble with shallow depressions filled with milk; and installations of rice in dishes suggesting Buddhist ceremonial offerings. But the pollen works, the first of which he produced in 1977, are his most innovative.
E curiosamente o repórter vai buscar depois A instalação que me fez dizer que eu não sou definitivamente uma gaja “da arte contemporânea”:
I do not like the tendency to sacralize artists and in that way raise whatever they do above earthly questioning. The nadir of that trend came almost three years ago, when Marina Abramovic drew thousands of fans to the MoMA atrium by sitting silently in a chair and allowing people to sit across from her and gaze into her eyes. As if she were the second coming of you know who.
Agora todos juntos, vá: É UM QUADRADO AMARELO PÁ!
Nuno Nunes-Ferreira
O Nuno é um amigo suspenso no tempo. Suspenso num tempo que passamos em erasmus há mais de 12 anos.
Não conhecíamos ninguém, os nossos amigos habituais e família não estavam por perto, e fizemo-nos bons amigos não sabemos bem como, porque mais diferentes um do outro, é impossível.
Se não estivéssemos estado juntos em Espanha naquele ano, tenho a certeza absoluta que jamais nos teríamos conhecido.
You see, é que o Nuno é artista plástico e pintor.
Naquele tempo suspenso no tempo o Nuno contou-me que não queria ser arquitecto. O que ele queria mesmo era ser pintor!
Tás louco, pensei e disse.
E mostrou-me uma foto dum quadro que tinha exposto no ano anterior na Alemanha. E eu calei-me.
E foi.
E é.
O Nuno conseguiu ser aquilo que sempre quis e eu incho de alegria e de orgulho de cada vez que recebo um convite para uma exposição dele.
Incho o peito todo (e tou-me a borrifar se acham isto um lugar-comum) porque fico sempre muito feliz quando vejo que alguém de quem gosto muito sentir-se realizado. E eu gosto muito do meu amigo Nuno.
Em 2002 fui convidada pela primeira vez para ir a uma Vernissage. Nunca tinha ido a uma. Fui com a Maria e a Mafalda.
A Mafalda que adora arte ficou vidrada neste quadro.
Eu que não percebo corno de arte, perguntei ao Nuno discretamente o que queria dizer o dito. Frascos e copos é um retrato de Valladolid.
Ahhhhhhhh! Tá certo. Tá muito certo. E eu olhei com atenção e achei: este mocinho é um bocadinho tétrico, realmente há coisas que nunca mudam.
O certo mesmo é que nunca mais me esqueci do quadro, e um quadro que não se esquece só pode ser um bom quadro:
Frascos e fracos. Mixed media on canvas. 200×200 cm. 2001 |
Demos a volta à exposição toda e fiquei parada nestas outras duas peças.
Picture detail. I Want You. Mixed media on wood. 200×200 cm. 2001 |
Gostei tanto, mas tanto dos quadros que ainda hoje os descrevo e digo: um dia vou ter um destes na minha casa, vou pedir ao Nuno um só pra mim.
Como sou uma tesa e tenho muita lata, e sou uma completa inocente, e novamente, não percebo puto do mundo da arte, perguntei ao Nuno:
– Ouve lá, não me queres dar assim um destes quadros? É que eu gostei mesmo muito!
– Tás maluca! Esse quadro levou meses a fazer, é pra vender Sofia, achas que eu vivo de quê?
Mas fazemos o seguinte: no dia que te casares, se me convidares p’ro teu casamento, eu ofereço-te um quadro meu.
(Sofia fica branca, sem fala e pensa: tou lixada, nunca mais há quadro!)
É a este nível de detalhe meus amigos, a este nível, que o Nuno me conhece!
Não é pra todos.
Foi assim que, até hoje, quadro algum entrou em minha casa, e as perspectivas são de que jamais me venhas a oferecer um dos teus quadros. Graças a Deus, burro nunca foste. Tu sabias. Tu sabes!
Mas Nunito, tu põe-te fino, que eu casar não caso, mas ando a juntar pataquinhos p’ra te poder comprar um destes últimos que fizeste.
Lá chegaremos, sim?
Bucherverbrennung. Mixed media on canvas. 200×150 cm. 2003. |
Untitled. Mixed media on canvas. 150x135x12 cm. 2006. |
Parabéns Amigo.