Quirguistão – uma pérola escondida

O Quirguistão é lindo de morrer e eu não sabia. Fizemos as montanhas de boca aberta, paramos sempre que pudemos até chegar a uma aldeia perdida nas montanhas, cheia de casas com telhados de chapa.

As pessoas são simpáticas, embora o ambiente se pareça ao fim do mundo, e se veja claramente que, apesar do frio, é verão. Nem quero imaginar a temperatura no Inverno, deve andar nos -20 de certeza… e não vi aquecimento central.

É nesta altura da viagem que é suposto ficarmos num Yurt, mas infelizmente faleceu a filha do Senhor do Yurt e ficamos numa guest house, muito confortável, amarelo torrado. Afogamos as gargalhadas em vodka que compramos no supermercado local, uma mercearia como no antigamente, com meia dúzia de items em exposição mas onde não falta nada, dos rebuçados pros miúdos ao sabão clarim cá do sítio. Passamos antes pelo “restaurante” que mais não é que um pré-fabricado com 6 mesas, mas que faz lembrar um tasco no Alasca. Experimentámos a cerveja local e bebemos nescafé.

O jantar foi servido com requinte na guest house, numa salinha privada só pra nós, sentados no chão em volta duma mesa bem baixinha. Eu nem gosto de vodka, mas em roma sê romano, e claramente…exagerei.

O dia seguinte foi passado em Osh, outra cidade engraçada com um bazar tão imenso que tenho a certeza que dele só vimos metade, mal disposta e com azia, mas sempre com grande animação.

Mais um ponto imperdível da Rota da Seda, percorrer as montanhas do Quirguistão e imaginar os meses que não deveria levar a atravessar este País, e as intempéries que os viajantes enfrentavam. Vida fácil a nossa de hoje, vida dura a do antigamente. Enquanto nós nos deslumbrávamos com a beleza pela janela quentinha do nosso carro, eles sofriam horrores com o frio e os assaltantes e só queriam chegar vivos ao outro lado.

Os Quirguies de hoje em dia também não devem viver num mar de rosas, isolados nas montanhas dedicados ao gado que transuma continuamente pela estrada, ovelhas, vacas, burros, cães pastor, yacks, todos se espraiam pelo espaço que deveria ser dedicado aos carros e sem remorsos. Como em todo o lado, fogem da rudeza da vida no campo e concentram-se cada vez mais nas cidades, havendo cada vez menos nómadas. Em Osh tudo se vende, literalmente tudo, no mercado a perder de vista, cheio de homens e mulheres locais que nos olham com curiosidade. Vende-se de tudo, de preferência fakes multi-marca. Uns ténis podem ser simultaneamente Abibas (Adidas) e Poma (Puma), com vários símbolos que se mostram consoante a perspectiva do curioso avaliador da classe: quantos mais símbolos, mais classe!!

Há uma mistura imensa de etnias, dizem que 80. Uns parecem mais chineses, outros têm olhos claros como os russos e há ainda quem esteja muito próximo fisicamente dos mongóis, mas todos são Quirguies, e todos nos trataram bem.

Deixar uma resposta