O casamento do Mano por ordem cronológica ou as partes de que me lembro

01:00 AM – chegada a Braga mais morta que viva depois de 4 horas de condução.
01:30 AM – descubro que a minha Mãe convidou a minha Tia pra vir dormir lá a casa, na minha casa de 1,60 cm de largura.
02:00 AM – a minha Tia não se mexe muito e embora o espaço seja exíguo, consigo adormecer.
06:00 AM – a minha Mãe acorda pra fazer comida e limpar (ainda mais) as pratas da sala pras fotos do Noivo.
06:30 AM – os cães que estão no quarto das traseiras começam a chorar porque ouvem movimento e acham que estamos todos acordados.
07:00 AM – a minha Tia acorda porque decide ir ajudar a minha Mãe.
08:00 AM – a minha Mãe acorda-me pela quarta vez para eu ir arranjar o cabelo ao salão (que é do outro lado da rua) antes que chegue a Noiva e os convidados da noiva. A minha Tia vai com ela.
08:10 AM – levanto-me pra ir passear os cães e deito-me novamente.
08:30 AM – o meu Pai acorda-me pra me perguntar onde estavam os convidados que não tinha aparecido ainda no cabeleireiro. Proíbe-me de casar, porque se a minha Mãe está nesta carga de nervos e a Noiva não sou eu, nem quer imaginar se chego a ser.
08:31 AM – digo-lhe que não sou a Noiva, nem o Noivo, e que não sei quem são os convidados.
08:32 AM – o meu Pai manda dois berros porque alguém tem que ligar aos convidados e esse alguém sou eu.
08: 33 AM – como não tenho a quem ligar, ligo à Noiva que não me atende.
08:35 AM – como está tudo possuído lá em casa decido tomar banho e arranjar o cabelo de una “p@ta vez”.
09:00 AM – com um olho aberto e outro fechado peço um café na pastelaria, onde está a minha Tia, já com o cabelo esparso armado em jeito de casamento e a Sogra do meu irmão a tomar o pequeno-almoço tranquilamente.
09:05 AM – escandalizo a sogra do meu irmão com o chorrilho de palavrões que me sai da boca porque estou com uma birra de sono insuportável e não páro de repetir: não sou eu que caso!! Esqueçam que eu existo durante duas horas e deixem-me ir dormir!! O casamento é às três da tarde, porque raio está tudo histérico desde as 6 da manhã? O meu irmão está a dormir, ninguém foi acordar o menino, só a mim!!! Machistas, são todas iguais!
09:15 AM – entro no cabeleireiro onde a Dona Fernanda que trabalha connosco há 32 anos me faz o penteado magnífico do post anterior em… DEZ minutos.
09:30 AM – chega a Noiva, e as convidadas, e as meninas das alianças, e …… e eu só penso: EU estou acordada desde as 08:30 porque vocês ainda não chegaram porque dormiram mais três horas que eu! Insulto as desgraçadas mentalmente que olham pra mim com espanto. O meu mau feitio no seu melhor. Ao menos fui simpática e não descarreguei ali.
09:35 AM – adormeço em cima da mesa do cabeleireiro.
09:40 AM – acordam-me e mandam-me ir dormir pra casa mas com cuidado pra não estragar o penteado.
09:45 AM – chego a casa onde a minha Tia me pede pra a ajudar a escolher a roupa. Novamente, o casamento é às TRÊS da tarde! Peço-lhe que esqueça que eu existo, mostro novamenteTODO o meu mau feitio, e vou dormir pro quarto das traseiras pra um colchão no chão, junto com os cães.
10:00 AM – chega a empregada pra limpar a casa pela vigésima vez numa semana.
10:20 AM – a empregada liga o aspirador e eu passo-me.
10:30 AM – DESISTO!!! 
10:31 AM – saio chispada de casa para me encontrar com a Tininha que é a nossa (do meu irmão e minha) pseudo-irmã que só queria ir passar o fato a ferro. Peço-lhe que me acompanhe à farmácia duma grande amiga minha ao cimo da rua.
10:45 AM – porque eu não estou nada bem, assim que começo a falar com a Susana, desato a chorar de sono, de birra, a tremer, uma carga de nervos que não lembra ao diabo e que a minha Mãe e o meu Pai me conseguiram transmitir nas últimas 4 semanas.
10:46 AM – a Susana mete-me um serenal 15 mg debaixo da língua a meu pedido.
10:55 AM – a Susana e a Tininha respiram de alívio ao ver que mudei de cara, que já não esperneio, nem choro, nem tremo, e que estou pronta pra voltar ao “activo” como irmã do Noivo.
11:15 AM – chego ao cabeleireiro novamente, depois de ter deixado a Tininha sem o fato passado a ferro, acabo de me maquilhar e juro solenemente, que pelas barbas de Barnabé, se alguém dia tiver a infeliz ideia de me casar, que o vou fazer completamente às escondidas, só o noivo, eu e o padre. 
12:00 PM – chego a casa onde o meu irmão está tranquilamente à espera do fotógrafo e nos diz com a sua normalidade: está tudo muito nervoso, afinal quem casa aqui sou eu, não são vocês. A ver se se acalmam, sim?
12:15 PM – A minha mãe chega a casa, troca de roupa, chega o fotógrafo, comemos umas sandes que nos pôs na sala, tiramos umas fotos e descontraímos com o meu irmão a mandar piadas. Cá pra mim ele também já lhe tinha dado no Serenal!
14:00 PM – Chega o (bendito) do motorista que o meu irmão contratou para levar a família ao casamento, o meu irmão vai com o Padrinho e assim garante que ninguém tem de conduzir. Foi a melhor ideia do ano e do casamento inteiro!
15:00 PM – Começa o casamento, o meu irmão entra com a minha Mãe que chora atrás dos óculos escuros. O meu irmão chora porque vê a minha Mãe chorar. A seguir entra a Noiva ao som do “No teu Poema” cantada pelo amigo Daniel e da Azeituna em grande estilo e no seu melhor.
15:15 PM – Começam as leituras. O meu Pai vai ler a segunda leitura e pra meu espanto desata a chorar emocionado. Foi a segunda vez na vida que vi o meu Pai chorar. A outra foi quando eu fui pra universidade pra Coimbra. O meu irmão nunca tinha visto o homem chorar. Pensamos que lhe ia dar um AVC. Corre tudo bem afinal, o homem safa-se e consegue acabar a leitura. Não há mortos. Ufa.
15:30 PM – Oração dos fiéis, vou eu ler com o irmão da Noiva, ele pede-me pra começar primeiro e eu não reparo no que se segue: toca-me a oração em que pedimos pelos ausentes. Em segundos e em flash lembro-me do meu Tio Aprígio, do meu primo Né, da minha Tia Zé, do meu Tio Adolfo, toda a família que devia estar ali e já não está e sou eu quem desata a chorar. Apesar de tudo consigo meter a piadinha “isto é de família caramba!”. O meu irmão diz que eu parecia um motor engasgado.
16:30 PM – Acaba o casamento na Igreja e acabam-se os nervos. Choramos todos, não se safou nem um!
17:00 PM – Peço ao motorista pra me levar a casa e vou passear os cães. Sim, toda vestida de azul, vestido comprido, estola, sapato alto e cabelo armado. Se sem estar produzida já sou um circo ambulante a passear quatro cães brancos, imaginem vestida assim….será que me filmaram? Credo…
18:00 PM – chego à quinta onde o sushi já voou todo e onde me esperam um monte de primos, um monte de amigos comuns, e muito Alvarinho Torre de Menagem!
20:00 PM – sento-me à mesa com a Broa Tininha e os meus primos todos solteiros. Piada do meu primo Ricardo: ao fim de 20 anos, continuo sentado na mesa das crianças! Ao que eu respondo: essa piada é minha ó fedelho, que tu ainda só tens 30 e eu pro ano faço 40! O que é certo é que foi a mesa mais animada de todas depois da mesa da Azeituna, e que me permitiu conhecer os meus primos mais novos melhor, não tive de aturar birras dos miúdos pequenos (que se portaram lindamente, que fique de registo) nem ficar com as conversas familiares a meio, dancei com os amigos da Azeituna, com o meu Pai, comi bem e bebi melhor, e honestamente, a partir aí das 22:00 só me lembro de partes de conversas porque falei tanto, bebi tanto, curti taaaaanto, que é difícil lembrar-me de tudo.

Coisas bonitas a reter: 

  • ofereci ao meu Tio Jorge uma foto dele e da Tia Zé comigo e com o meu irmão quando éramos pequeninos. Fugi pra não o ver chorar, mas ele ficou tão feliz que disse ao meu Pai que foi a melhor prenda que lhe deram em anos e a melhor coisa do casamento. Afinal a minha Tia também lá estava.
  • O meu Pai estava tão radiante, mas tão radiante, que passou a noite toda de copo na mão a dançar connosco e a contar histórias e eu discretamente fui-lhe arranjando vítimas diferentes pra não cansar os convidados, e ele adorou falar com tantos amigos do filho que gostam dele. 
  • A minha Mãe preparou um vídeo com fotos do meu irmão desde pequenino e que fez o trajecto todo dele desde que nasceu, até à universidade, primeiros empregos e até à Noiva. A música foi bem escolhida, as fotos fantásticas (embora eu parecesse uma pequena vaca em algumas!) e o meu irmão adorou e os amigos também.
  • Os meus Primos foram trocando piadas e fotos no nosso grupo de whatsapp o casamento todo, no verdadeiro espírito palhaço que nos caracteriza, e tornaram a festa muitíssimo mais divertida. Só foi pena estarem-me sempre a perguntar quando é que era o meu. Já lhes disse que me responsabilizo por organizar um piquenique anual pra todos se pararem de me fazer perguntas estúpidas. Qual é o problema de não querer casar? Temos todos que querer o mesmo da vida? Eu viajo, eles casam e têm filhos. Com os 20 mil euros do casamento vou fazer uma volta ao mundo. E como disse antes, mesmo que me case, há-de ser em segredo que eu não aguento outra cargas de nervos desta sem ter um colapso!

É ÓBVIO que não estou à espera que ninguém leia este texto até ao fim ou sequer que lhe encontre alguma graça ou qualquer moral ou corolário. 
Esta descrição serve única e exclusivamente para EU me lembrar de como foi o casamento do século da família, o melhor e o pior de cada um num dia que era importante para pessoas que amamos e pelos vistos, por inerência, também para nós. 
Nunca pensei que fosse ser assim. 
Começou muito torto e acabou muitíssimo bem.
Já fui a mais de 60 casamentos (sim, juro que é verdade), e este não foi diferente dos outros em muita coisa, mas foi único porque foi o do meu irmão mais novo. 
E por isso foi Legen….wait for it…dary!



Atentar bem no tamanho das olheiras até ao pescoço….pra não mais esquecer!






A Andorinha também sabe o que é Fashion ou em Português: féchione!

O meu irmão casou no sábado passado e como não faço intenções de me casar pensei: é desta que dou uma de princesa!

Entrei numa loja aqui ao pé de casa no Via Venetto que costuma ter muitos vestidos de casamento, e bati os olhos neste e foi amor à primeira vista.

Era mesmo isto que eu queria, um vestido comprido, sem um decote até à boca como é meu hábito, assim muito… familiar, compostinho, não sei, era isto. Se calhar foi o mesmo sentimento que as noivas me dizem que sentem quando vão escolher o vestido e desatam a chorar.
Eu chorar não chorei, mas pensei: não mexe mais que estraga!

Pequeno problema: em Braga faz fresquinho dia 3 de Outubro, como é que eu me agasalho sem parecer uma matrafona? Uma estola! Já que é pra botar chique sem vergonhas, que seja no casamento do Mano em que é suposto os Pais e a irmã e Padrinhos e Madrinhas irem muito mais “tal” que o resto dos convidados.
Entrei na Zara a voar há três semanas atrás, vi logo a dita da estola, e não fui de modas: pimbas!

A mesma coisa com o ganchinho do cabelo, tinha que ser classy, assim como o penteado. Zara rulez nestas coisas.

Uma bela sandália beje e alta e não compensada, e lá fui eu, qual princesa a fugir pro rainha.

A única coisa chata foi a piadinha mais gasta do casamento: Sofia, tiraste o casaco aos dos teus cães e puseste-o ao pescoço?

Eu avisei que ser parvo era de família, não fosse eu ter uma família de palhaços, não sei o que seria de mim!

 

125 likes no Facebook …

… e o facto de a minha foto ser pública anyway, levam-me a escarrapachar aqui uma das minhas melhores fotos, sacada com muito esforço pelo Vasco da Câmara Pereira da LF Eventos.

O Vasco é, diga-se em bom da verdade, o meu fotógrafo oficial (sempre quis dizer isto! As damas da socialite e as modelos é que têm fotógrafos oficiais, daqueles que lhes captam sempre o melhor ângulo e que as perseguem pra fazer só mais uma foto e elas deixam sempre, qual Jacqueline Kenedy Onassis!).

Eu até sou fotogénica, e até estou morena o que ajuda imenso – não parecer uma lula deslavada é sempre um bónus para qualquer foto – mas estava uma p…ventania daquelas que despenteia qualquer alma que não se tenha encharcado em laca, como eu.

Este fim de semana vou a outro casamento, mas desta vez vou levar o cabelo solto, e um macacão azul elétrico quais anos 80, daqueles justos, com um sapatão de tacão alto como se impõe, que será (obviamente!) descalçado ainda antes do jantar. E como disseram ontem os responsáveis pelo empréstimo do dito macacão (sim, que eu não ganho pra casamentos e o último vestido que comprei foi a 14 casamentos, fazendo-me compreender que 1) vou a mesmo muitos casamentos 2) os fotógrafos podem ser os mesmos e reconhecerem-te ……. mau, muito mau. Adiante!), vou uma bomba!

Como emagreci e tenho andado a correr, quero acreditar que sim, que vou estar uma bomba, porque se não estiver, como os fotógrafos são os mesmos, e o Vasquinho é um grande fotógrafo mas tem a sensibilidade de um elefante a saltar de nenúfar em nenúfar, bem me pode valer eu estar-lhe aqui a dar graxa pra ele me tirar mais uma foto espectacular, que o gajo não me deixa sair NEM na pelingrafia de dois de paus c’os noivos!!

Entonces, que tal? Nice,ah? Nunca tinha tido 125 likes!

Momento narcisista aproxima-se….

E um bombom pra quem adivinhar o que é que eu estava a dizer ao meu amigo! Esta foto que se segue é a foto que mais me caracteriza, que me apanha a essência, não necessariamente no meu melhor ângulo, mas com toda a certeza no que eu tenho de melhor: a amizade devota às pessoas de quem gosto.
Fim de momento narcisista.

Então e tu quando é que te casas? Quando eles se acabarem de divorciar.

Esta semana é o segundo amigo meu com quem falo que está em processo de divórcio.
Mas o que mais confusão me faz é a facilidade com que esta gente põe os filhos no mundo e os “oferece” aos ex-maridos pra cuidar porque elas não têm condições.
Se a igualdade entre sexos fez com que ele lá em casa fizesse tanto como ela relativamente à criança (banho, comida, levar e buscar à escola, brincar, etc), por outra conseguiu que na ânsia de cobrar milénios de machismo em atraso, as mulheres conseguissem que os companheiros fizessem tudo e elas nada. Mas mesmo nada. São eles quem vai às compras, quem trata da roupa e do banho das crianças, são eles que estão encarregues das facturas (embora o dinheiro seja a meias), eles pagam a renda, tomam conta dos empréstimos e até da lavandaria. A elas sobra-lhes a limpeza da casa que partilham com a mulher-a-dias e o seu trabalho que é tão esgotante como o dele, mas que é muito mais precário porque as mulheres não têm as mesmas oportunidades de trabalho que os homens, e como tal o melhor é ir ao shopping foder mais umas notas de 50 numa mala, num verniz ou numa merda qualquer pra casa. E já agora querido, pega lá a conta do VISA.
Eu fico doida. Doida!
Mas será que homens e mulheres não compreendem que um casamento é uma relação de respeito, de partilha, de carinho, de consideração e de admiração?! Não me esqueci do amor, não, mas o que é o amor senão isto tudo que acabei de descrever? E obviamente sexo, e se acham que o sexo é secundário desenganem-me, mas não se iludam aqueles que pensam que o sexo é tudo. Mas amor é respeitar o outro. Em tudo.
Em casa onde não há pão, todos ralham e ninguém tem razão, é muito certo.
Mas que caramba, se as pessoas pensarem em conjunto, partilharem os problemas e juntos fizerem um plano e um compromisso pra pagar dívidas, não será isso muito mais fácil que ir ali à esquina assinar um divórcio e deixar as crianças ao marido? Ou à mulher, tanto faz! Aliás, tanto faz o tanas, porque eu sempre ouvi dizer que eles têm que lhes pagar uma pensão alimentícia mas nunca ouvi ao contrário.
O certo é que me faz muita confusão ouvir que alguém põe os filhos no mundo mas é incapaz de fazer contas sobre quanto é que lhes vai custar caso estejam sozinhos(as) a tomar conta deles. É uma inconsciência, é uma irresponsabilidade. Acima de tudo é de uma falta de consideração por aquele que tomaram como companheiro ou companheira no dia do casamento em que tudo é festa, luz e cor, que me aflige horrores. E que me faz muito mais lúcida como solteira ou sem filhos (reparar que escrevi OU e não E) que muitíssima gente que está dentro do que outros chamam: normal.