Os Acores têm muitas vacas. Bué vacas. Paletes, resmas, contentores de vacas! Também tem lagoas, mas nós não as vimos porque pura e simplesmente o nevoeiro cerrado não deixou. Aliás, a expressão não se vê a ponta dum corno aqui não se aplica. Vimos montes de cornos, não vimos foi mais nada.
Tambem não se aplica a expressao ‘não se vê um boi’ porque esses veem-se e de que maneira… Felizmente hoje, o nevoeiro levantou e assim, alem de bois e vacas, tambem ja comecamos a ver nativos.
A caminhada era de 2 horas e sete kilómetros, coisa que se faz com uma perna às costas, mas 7 kms depois estavamos no meio de nenhures. Gracas ao iphone conseguimos ubicar-nos no meio dum monte e longe pra cacete do nosso carro. Eram 8 e meia da noite e comecava a nao ter grande graca ver bois e vacas. Ate porque, na verdade, comecamos a nao ver nada porque a noite eatava a chegar e percebemos que estavamos bastante longe da eatrada mais proxima… Como o que não tem remedio, remediado está, descemos durante uns infinitos 20 minutos, até chegarmos a uma coisa que se aproximava bastante de uma estrada regional… Mas, para espanto dos senhores ouvintes, nao tinha carros…e o que passou por nós ignorou brutalmente o nosso pedido de boleia.
Vai daí, não havendo outro remédio, tocamos à campainha mais próxima e tivemos sorte. Os senhores em cuja cabecinha há-de sempre brilhar uma estrelinha, perceberam que as meninas do “contenente” eram boas pessoas e levaram-nos até ao nosso dirigível. Migos, fizemos mais de 20 kms de carro pra chegar ao local. O bébé Jorge adormeceu ao kilómetro 5. Sabiamos que nao tinhamos muita gasolina no carro e por isso perguntamos aos nossos companheiros de viagem qual era o posto mais proximo. A resposta deixou-nos em panico: ‘Ponta Delgada!’ E portanto, ja nao bastava fazer uma estrada de serra no meio da noite escura e sem ver um palmo à frente do nariz com o nevoeiro e em ponto morto, porque o carro ficou na reserva ao fim dos primeiros 100 metros! O que vale é que a nossa convivencia de perto com vidas muito dificeis nos fez perceber que tudo tem solucao, mesmo no meio do maior desespero, e, por isso, la fomos nos, todas contentes, sem gasolina e sem saber onde estavamos, a cantar animadamente e a bater palmas!
Next stop: um bife à favorita na Cervejeira Melo Abreu!
Escrito por Andorinha e Joana Fernandes (www.cafesnopateo.wordpress.com)