A casa dos meus sonhos continua a estar em Lisboa, mas a minha casa é onde ela estiver.
A casa dos meus sonhos continua a estar em Lisboa, mas a minha casa é onde ela estiver.
Há dias em que não apetece adormecer.
Não apetece acordar.
Não apetece comer.
Não apetece rir.
Apetece chorar. Ficar escondida até que o sol saia e os blues se vão embora.
Há dias em que há uma tristeza tão cinzenta como o cabrão do céu que me cobre.
Dias há em que todos os esforços que envidamos para nos animar parece que pura e simplesmente não resultam.
E nem sequer é hormonal.
É só cansaço. Aborrecimento.
Preciso urgentemente de duas coisas: sol e duma relação com um tipo como deve ser.
Este fim de semana foi estranho, e no fundo foi uma seca. Valeu a feijoada na sexta.
Agradeço o telefonema dos amigos que estão longe.
Fora isso, bela merda.
Não gostei do meu sábado, foi muito intenso, muito estranho, comigo a querer ser simpática e politicamente correcta, e a dizer asneiras consecutivas.
Conheci pela primeira vez um casal de lésbicas e descobri que tenho alguma dificuldade em lidar com a situação.
Acima de tudo tive que assumir perante mim mesma que depois de tanto livro e activismo, ainda sou preconceituosa.
E não gostei de me ver.
Não sei se quero viver em Amesterdão outra vez porque no fundo não gosto do cantos, recantos e cheiros. Mas estou a ficar farta de ter os amigos todos longe.
O certo é que quando lá vivi, também não os via assim tanto. Mesmo os meus vizinhos, que são uns amores, nunca os vejo. Sou eu quem se fecha.
No Domingo fiquei em casa o dia todo porque precisava de silêncio, organizar ideias. Fiz um frango no forno que estava um nojo. Acho que o vou deitar fora porque não consigo comer aquilo.
Usei aquela coisa de “frango no saco” do PD. Não presta.
Acho que este foi o post mais depressivo que escrevi nos últimos anos, mas é que hoje é mesmo dia não. Dia cinzento.
Preciso de sol. Preciso de calor. E definitivamente, preciso de dormir.
É tudo o que se me apraz dizer sobre a melhor festa que já dei. Ontem foi a minha (muito tardia) housewarmingparty e festa de pré-aniversário (este termo acaba de ser inventado por mim, tipo, agora).
Os meus amigos são uns fixes inacreditáveis.
Mesmo.
Eu tenho muita, muita sorte.
Vieram 30 e pico pessoas das quais apenas 8 vivem em Haia, por isso mais de 20 pessoas vieram de Amsterdão e Utrecht e … de propósito para conhecer a minha mansão e beber um copo e espalhar boa disposição. E foi mesmo muito giro. Eu sei que sou suspeita, mas eu acho que toda a gente se divertiu bastante, pelo menos a avaliar pelo estado da casa hoje de manhã. Quando acordei e cheguei à sala e o chão colava aos pés e os copos estavam em sítios inimagináveis, pensei: LEGENDARY!
E ainda por cima deram-me prendas! Até a Petzi teve sorte porque agora tem uma malinha específica pra eu a transportar ao colo que é pura e simplesmente deliciosa!
Como eles todos.
Já disse que tenho muita, muita sorte? É que tenho mesmo.
E o loiro acabou de se baixar e vi-lhe o rego do rabo peludo. Afinal no rabo não tem pêlos loiros.
Este é o tipo de informação que não entendo como muito relevante pro resto da minha vida. Podia perfeitamente não saber isto que continuava a ser a gaja feliz que sou!
Juro.
Saio do quarto a espreguiçar, ouço umas vozes e sinto o cheiro a tinta e penso: estão a pintar o hall.
Completamente a dormir chego à minha sala onde tenho a dita janela de parede a parede de 5 metros e 60 e estão dois “manos” a pintar a varanda enquanto me dizem adeusinho. Como bons Holandeses, são enormes, e estes on top são gordos. Um é loiro e o outro é moreno, e o moreno tem um casaco com pelinho na gola, meeeeeesmo mesmo como o dos Super Mario Bros.
Os meus Colegas estavam errados e eu não sei ler boletins meteorológicos.
O Nuno Markl não é um cromo, é o O cromo.
No fim de semana passado fui a Lisboa.
No Domingo, na volta, sozinha sem a minha Petzi, aborrecida que nem uma ostra, passei na livraria do aeroporto e vejo o livro “Caderneta de Cromos”.
Lembrei-me duma amiga que pediu ao Pai pra lhe comprar os cromos na FNAC (enquanto há porque a edição é limitada) porque ela vive cá na Holanda, e de ter comentado o espanto do Pai por ela estar a pedir tal coisa, afinal de contas: são cromos!
Pra ela pedir ao Pai, tem de ser bom.
Na contra capa dizia: a enciclopédia definitiva sobre o que tanto nos deliciava nos anos 70 e 80.
Strauuuu!
Foi tiro certo ao meu coração de saudosista. Afinal vale a pena ter mais de 30 anos pá!
Quinze aéreos que custava o dito. Baratinho. Outro tiro certo.
E penso: isto é altamente pra um dia explicar ao meus filhos como é que isto era “no meu tempo”!
Abro e começo a ler uma história sobre os granizados Fá. Em plena livraria começo a rir. No autocarro (que deixa sempre os nossos turistas extasiados, como se estivessem a regressar de Cuba) continuei à gargalhada.
Mas o cúmulo foi, de repente, ouvir o meu vizinho do lado a rir. E não sorria docemente, gargalhava ao mesmo tempo que eu. Sim, ele estava a ler o livro por cima do meu ombro e ao mesmo tempo.
Fomos os dois a partilhar histórias de infância durante o vôo. Para não variar, não faço puto de ideia do nome do homem. Ri até me doer o estômago. Foi a viagem mais divertida que já fiz.
Todas as noites durante 4 dias li o livro antes de me deitar. Daquele livro vêm memórias e uma boa disposição e energia francamente boas.
Um amigo falou-me dos podcasts da Caderneta. Eu nem sabia o que era um podcast!
Hoje no iTunes vejo como recomendado (e grátis!) os podcasts da Caderneta de Cromos.
Foi um vê se te avias! Desatei a despejar o que podia para a oitava maravilha do mundo que é o meu iPod (ah comprinha abençoada caramba! Nunca dei tanto uso a uma engenhoca, nem ao telemóvel!).
Graças aos amigos, na viagem ao Luxemburgo, descobri que o meu carro permitia ligar o iPod ao rádio.Ultimamente tem sido um fartote de audiobooks e as minhas viagens nunca mais foram um tédio.
Hoje foi A descoberta: iPod carregado de “cromos”, ligado al coche e a bombar como se estivesse no trânsito matinal, e eu à gargalhada até casa.
Já ouviram o cromo da fotografia de passe? Em que o Markl confessa que lhe tiraram uma foto de passe fabulosa quando tinha 14 anos, foto essa de que as colegas diziam “até pareces giro na fotografia” e que passava horas em casa a “treinar a expressão” da foto, até que uma colega de manhã quando o viu na escola lhe pergunta: ouve lá, mas isso é sono ou tás drogado?!
Felicidade, total bliss, é o que é.
Estranhamente, completamente gerido por Holandeses, mas tinha tudo óptimo aspecto, todos nós gostamos dos pratos que escolhemos, desde a Zarzuela até ao Chicken piri-piri, e foram relativamente rápidos. O preço também foi bastante razoável para o que comemos e bebemos.
Gostei, é mesmo pra voltar mais vezes.
Viver ao lado dum ginásio dá dores de cabeça. Os gajos berram por cima da música que é péssima, e ainda por cima não se cansam, o que pra mim é cansativo. Muito cansativo.
O quarto de hóspedes:
O meu quarto (antes do quilt):
O corredor, cheio de fotos de viagens anteriores:
A minha sala, com bagunça generalizada também, que isto é casa de gente, não de bibelôs:
Cozinha:
E já tá. Desde Novembro até agora, acho que não ficou nada mal. Já tem quadros, tem plantas, tem cortinas, sofás e colchas e até as visitas agora têm direito a uma cama como i’ll faut em vez do colchão de encher ou do sofá desdobrável.
Mas o mais importante é que realmente me sinto em casa. Na MINHA casa.