Há muitos anos atrás, mais propriamente há uns 6 anos, numa sessão de Doação de Sangue nas instalações da IBM, o Instituto Nacional de Sangue perguntou-me se eu queria ser Dadora de Medúla Óssea. Assenti com gosto, saber que poderia um dia salvar uma vida agradou-me, principalmente quando é tão difícil encontrar alguém compatível.
Anteontem ligaram-me do CEDACE (Registro Português de Dadores de Medúla Óssea) pra me dizer que sou compatível com alguém que precisa e que gostariam de saber se eu ia ficar muito tempo na Holanda ou se voltava pra Portugal dali a uns dias e se estava realmente interessada em ajudar.
Fiquei tristíssima ao dizer que não voltava amanhã, mas que se pudessem esperar um mês, que sim, que ia a Portugal fazer testes e tudo. Mas não podia ser.
Fiquei triste a sério. Eu imagino que enfiarem-me uma agulha nas costas não deve ser um processo agradável, mas chiça, podia salvar uma vida e nada me daria mais prazer.
Como tal achei que, já que tenho tanta gente a ler as tretas que eu escrevo, que deveria publicar algo que ajudasse realmente os outros e dar-vos os links e as informações necessárias, para, caso desejem, se tornarem também vocês dadores de medúla óssea. Eu agora passei para a base de dados Europeia.
Qual a probabilidade de encontrar um dador compatível?
Considerando todas estas abordagens, aproximadamente 80 por cento de todos os doentes têm, pelo menos, um potencial dador compatível. Esta percentagem subiu significativamente (em 1991 era 41 por cento) depois do esforço que foi feito mundialmente no recrutamento de dadores. Só que nem todos os doentes para os quais foi identificado um dador idêntico chegam à fase do transplante.
Pode um dador desistir do processo após saber que é compatível com um doente?
Como voluntário o dador não tem nenhuma obrigação legal. Um potencial dador com compatibilidade com um doente que necessite de transplante de medula pode, por diversas razões, retirar-se do processo. As decisões individuais serão sempre respeitadas.
É perfeitamente natural que apareçam duvidas, hesitações ou mesmo recusas quando um dador é contactado. Mas depois de ponderados os prós e contras, o dador deverá tomar uma decisão e saber que, se for alterada tardiamente, poderá ser fatal para o doente.
Quem paga o processo da doação?
Todos os procedimentos médicos que envolvem a doação são cobertos pelo subsistema de saúde do doente, bem como as viagens e outros custos não médicos. Os únicos custos que poderão vir a ser imputados ao dador são os referentes ao tempo que necessita despender no processo de doação.
Só se pode dar medula uma vez?
Não, a medula é um tecido que se regenera rapidamente, pelo que é possível fazer mais do que uma dádiva.