O nível de desinformação sobre a chegada dos refugiados a Portugal, só é superada pela falta de vontade das pessoas de se informarem verdadeiramente e lerem pra lá dos cabeçalhos.

Eu sei bem o País em que vivo e que tipo de pessoas cá pairam, por isso procuro manter a calma quando leio alarvidades como esta, ou como esta, com comentários como este

“Olha tantas famílias refugiadas! Já os estou a ver a festejar as casas novas, os empregos, os apoios sociais com tiros para o ar e bombinhas para agradecer todo o apoio! Uma coisa que me surpreende neste vídeo é que os refugiados (estes deste vídeo porque os outros não sei) devem vir de uma zona onde as famílias são todas homossexuais… Ou então deixaram as mulheres e os filhos para trás! Não acham curioso? Já agora um dado interessante para a Malta que quer fazer figurinhas nas manifes a favor destes emigrantes… Os terroristas (dois já confirmados) que ceifaram a vida a pelo menos 129 franceses entraram na Europa e em França exactamente assim… Em família!
Solidariedade não significa ser Otario!
Hoje em França amanhã à tua porta!!!”

Mas custa-me. Custa-me horrores.
O egoísmo custa-me horrores.
A ignorância custa-me horrores.
Saber que pessoas que eu considerava pessoas inteligentes escrevem coisas destas, custa-me horrores.

Então hoje, embuída de dever amigável, daqueles que nos faz chamar os amigos à razão sem insultar ninguém, cheia de paciência, depois de ouvir a entrevista da Antena 1 com 3 refugiados que se queixam do acolhimento prestado pelas entidades Portuguesas, deixei o seguinte comentário:
“São dois Iraquianos e um Somálio, não são Sírios. E honestamente, não deixam de ter razão. E se não estão bem, então vão embora, qual é o stress? As pessoas acham que a Holanda, a Alemanha, e a França são uma América. Deixa os ir bater com os burros na água, qual é o stress? Diz-me uma coisa, quantas famílias portuguesas é que tu já tiraste debaixo duma ponte? Vais-te manifestar pro Marquês sem teres sido voluntário sequer dos sem-abrigo? Sabias que a maioria dos sem-abrigos e das famílias “portuguesas” que passam fome, são pessoas com problemas graves de alcoolismo e drogas? Conheces pessoalmente alguém que esteja a passar fome? É que quem passa fome a sério tem vergonha de esticar a mão pra pedir, tens de te voluntariar antes de te revoltares.

E um palerma dum amigo dele responde o seguinte ao meu comentário:
“Outra madre….”

E é nestas alturas que eu perco a paciência e me apetece bater em atrasados mentais que dizem coisas destas do alto do seu grande umbigo, enquanto se queixam da sua vida que consideram pobretanas, quando tanto têm na mesa, ao mesmo tempo que se gabam de encornar as mulheres e coçam os tomates.
Gentinha.
E vai-se-me a calma, e acabo a perguntar-me novamente se será o nível de desinformação que é grande, ou é mesmo o nível de estupidez per capita que é tremendamente elevado.

E parto pro insulto: Nao sou madre nenhuma, mas cagar postas de pescada sem nunca teres metido o pescoço no assunto é taooo fácil. E básico.

E sinto-me relativamente mais aliviada. Melhor mesmo seria eu conseguir não reagir. Isso é que era. Isso é que era!