Time does fly……..

Faz hoje sete anos que fechei “o meu tasco” na IBM Portugal e que abri “o meu actual tasco” na IBM Holanda.
Era pra ficar dois, três anos no máximo, e já lá vão SETE!!
Dizia a minha Chefe hoje: mas como é que vais festejar sete anos de Holanda se já estás em Portugal?
Oh Chefinha, eu estou a festejar SETE anos a trabalhar com a IBM Holanda!! 😉

Nem me vou atrever a fazer balanços, passou-se toda uma vida desde que mudei de localização, e mais outra vida desde que regressei ao meu País. A única coisa que vos digo com toda a certeza, é que apesar do meu resmunganço habitual relativamente à Holanda, JAMAIS me arrependi do dia em que me meti no avião e me mudei pra Amesterdão.
E como tal esse dia merece ser celebrado, e só por isso…. hoje já não trabalho mais.
Bom fim de semana meu povo!
Pra mim é de 3 dias que segunda-feira o Rei faz anos, e eu vou descansar por Lissabon!
Duuuuuuuuuuuiiii!

Seria de esperar que já me tivesse passado….

Já regressei há exactamente 10 meses da Holanda, seria de esperar que já me tivesse passado esta alegria e êxtase quando o termómetro sobe acima dos 20 graus, mas não.
Palavra de honra que é incompreensível até pra mim, como é que passado quase um ano de ter sentado o traseiro em Portugal, ainda fico louca e venho pra varanda ou jardim, aproveitar o sol, como se não houvesse amanhã.
Estou carregadinha de protector solar, mas de vestido de alcinhas e havaiana no pé, e completamente radiante.
Até arranjei uma solução pra ter wireless no meu jardim, o TP-Link, recomendadíssimo, por sinal, funciona maravilhosamente.
Enfim, continuo pasma com o nível do trauma que ganhei na Holanda relativamente ao clima.
Sempre gostei de sol, mas abomino estender-me na praia tipo bacalhau seco.
Sempre me senti afectada pelos dias mais escuros, mas eu antes até gostava do inverno e dum bom dia de chuva e frio pra me enrolar nas mantas, mas agora…
Não há mal nenhum em ter passado a dar valor a estes momentos, a estes dias, mas tenho a certeza absoluta que só acontece por ter (ainda) défice de sol e luz.
Pergunto-me até quando durará este trauma, quando o irei ultrapassar, e também me pergunto quantos mais terei eu ganho além deste. Eu nunca senti que sofria na Holanda, tudo bem que estava cansada nos últimos anos, mas nunca pensei que me estivesse a inflingir traumas tão duradoiros.
Dá que pensar, não é?

Aproveitem bem o dia de 28 graus, vão almoçar fora se puderem, pelo menos tomar café, e nunca dêem nada por garantido, nem pessoas, nem os pequenos quês que nos tornam os dias mais felizes. Never, ever take anything for granted.

O reclame de pensos da Evax

Perguntam-me praticamente todos os dias como é que tem sido o meu regresso, se ainda estou satisfeita por estar de volta, se gosto de viver em Lisboa novamente, se não tenho saudades da Holanda, e se não acho que fui precipitada.

E eu lá respondo, cheia de paciência (que não tenho) que sim, que estou extremamente satisfeita, que adoro estar de volta e que não faço intenção nenhuma de regressar à Holanda e que não tenho saudades nenhumas do País de acolhimento.

E todos (excepto aqueles que regressaram como eu) me olham como se eu estivesse a delirar, como se eu andasse a fumar cenas estranhas ou a tomar pastilhas que me fazem ver unicórnios cor-de-rosa.

É claro que eu me passo com a incompetência dos correios Portugueses (uma encomenda nunca leva menos de duas semanas a chegar e nem bilhetes me deixam a dizer que tentaram a entrega e que tenho que levantar no sítio X, é suposto eu adivinhar! Gente burra), é claro que eu me passo quando tenho que marcar uma consulta da especialidade e me leva duas semanas (e no privado), é claro que eu me passo quando combino um jantar pras oito e me aparece a malta toda às nove (não me passo muito, mas vá), é claro que eu tenho pesadelos com a hipótese de perder a minha carta de condução e passar um dia inteiro no IMTT, o serviço mais incompetente do planeta, pra pedir uma nova. É óbvio que me custa que os meus cães não possam entrar em praticamente todo o lado, e que já tenha tido que fazer as compras à porta duma loja de produtos pro cabelo (a sério, a ASAE proíbe cães numa loja de produtos de cabeleireiro? I don’t think so!).

Mas estas merdas, desculpem a expressão, não representam rigorosamente NADA comparativamente com a alegria de perceber as minhas cartas, de poder telefonar a reclamar na minha própria língua, de ouvir as pessoas pedir licença e desculpa, de poder ouvir a minha música favorita na rádio a qualquer hora e de entender as piadas dos locutores, de entender o telejornal, de poder comunicar com todas as pessoas e crianças que passam por mim na rua, de ser a Menina Sofia no meu bairro (adooooro ser Menina), de amar cada sítio novo que me mostram (café, restaurante, loja) ou que descubro, e a incomparável felicidade de acordar com a luz do sol a entrar pela janela, que elimina qualquer tristeza, preocupação ou dor interior, porque me aquece a alma e o espírito. De poder ir ao teatro, ao cinema e a espectáculos de rua e entender não só o que dizem, mas todas as componentes emocionais e comentários dos que assistem e participam dos eventos como eu.

Só não compreende isto quem nunca viveu num País cuja língua lhe é incompreensível, quem nunca viveu sem sol durante dias a fio, quem nunca detestou a selecção musical e os gostos dum povo, quem nunca viveu num País com o qual não se identifica minimamente.

Eu adoro os canais de Amesterdão, os parques e as casas Holandesas de janelas imensas. Gosto do facto de poder andar de pijama na rua e ninguém reparar, gosto dos meus vizinhos que trazem uma garrafa de vinho, dois copos, batatas fritas e azeitonas pra rua, e estão sentados no passeio a aproveitar os raios de sol ao fim do dia, borrifando-se pro que pensa quem passa. Gosto muito dos meus amigos que lá deixei e da disponibilidade que eles têm pra estar comigo a toda a hora por um motivo ridículo qualquer, gosto da entreajuda entre malta expat, e dos preços baixos e coisas giras da Hema.

Mas todas estas coisas de que eu gosto na Holanda não compensam, nem de longe nem de perto, a felicidade que sinto quando entro no meu carro e me faço à estrada ao som da Smooth FM, óculos de sol no nariz para impedir o sol de me cegar durante a condução, a janela aberta e o ventinho quente a passar-me no rosto, em direcção a CASA, à casa dos meus Pais. A alegria intensa que sinto quando me dizem que vão fazer um jantar ou um almoço, ou vão a um festival de música e eu poder dizer: SIM, eu vou. O êxtase de poder bater à porta de um dos meus amigos mais chegados a qualquer hora, e de me mandarem entrar e ainda me darem de merendar enquanto brinco com os filhos deles.

É tão difícil explicar a quem nunca passou pela ausência, a felicidade de se estar presente a todo o momento. É a melhor adrenalina do mundo!

Dá Deus nozes a quem não tem dentes

Neste momento estou sentada junto ao gate 43 do aeroporto de Lisboa. Dentro de hora e meia vou embarcar para a última e maior viagem deste ano: Irão.

Desde ontem que tenho o estômago às voltas, e não conseguia identificar o porquê. Pensei várias vezes que devia ser de estar farta de andar de avião nos últimos meses. Gostei muito da viagem pelo Sudoeste Asiático, mas foi muito desgastante em termos de vôos (apanhei 7 vôos em 15 dias e fiz 32 horas de regresso) e fazer mais 12 horas de avião logo um mês depois…se calhar era por isso que estava com cara de quem está a fazer um frete…se calhar era por isso que não me estava a apetecer embarcar novamente…
Dá Deus nozes a quem não tem dentes, pensei.
Até que passei nos controles e comecei a observar e a observar-me. E descobri finalmente o motivo: deja vu.
Deja vu dos últimos seis anos em que depois do Natal tinha que embalar as trouxas e voltar pra Amesterdão. Um sentimento bem conhecido: “ainda não me apetece ir embora”.
E uma vez identificado o sacana, a purga: este texto.
É curioso como acções que tomamos naturalmente no decorrer do dia-a-dia nos marcam a ferros sem notarmos.
Eu nunca fui infeliz na Holanda, muito menos em Amesterdão. Eu sou anti-sofrimento, sou totalmente a favor de epidurais e anestesias, analgésicos e qualquer tipo de medicamento ou acção que evite dores. Advogo-me como anti-masoquista há anos.
Nunca fiz nada que me provocasse intencionalmente qualquer dor, e por isso nunca me apercebi de que me custava regressar todos os Natais.
Sabia que às vezes me custava meter-me no avião de volta e há-de haver por aí um post sobre isso. 
Mas nunca, nem nos meus sonhos mais remotos me passou pela cabeça que esta sensação estivesse ficada marcada a ferros, qual trauma.
Eu entendo aqueles que estão fora e adoptaram o País que os acolheu, aqueles que amam as emoções e experiências diárias noutros Países. Acima de tudo, e contrariamente ao que possa parecer, respeito-os muito nas suas escolhas e confesso-me invejosa desta capacidade de se apaixonarem diariamente pelos sítios e pessoas que conhecem.
Eu sou uma mulher de poucas e fortes paixões, sou apaixonada por Lisboa e por este rectângulo à beira-mar, pelos meus cães, pela minha família e pelos meus amigos, pela Candeia, e em 38 anos apaixonei-me por três homens. 
Embora seja de Braga, nunca fui apaixonada pela cidade, sabiam?
A mim as coisas ou batem ou não batem. E eu fui pra Amesterdão com o mesmo sentimento que se tem quando se conhece um tipo que se acha fascinante, há a paixoneta, the crush, mas depois começam a surgir aqueles pequenos apontamentos diários que de início são apenas inconvenientes, e anos passados dão origem a divórcios.
É isso, divorciei-me da Holanda. Nas me arrependo de me ter “casado” com ela, até porque como muita gente, tem coisas maravilhosas e com ela aprendi imenso, mas afinal não é ela o meu “par” ideal. E isto é algo extremamente pessoal, não é uma explicação ou justificação da minha maior decisão de 2014. É a purga de que preciso, o ordenar de pensamentos e acima de tudo de sentimentos, que me permite avançar, tal e qual como numa separação, passo a passo, de regresso ao melhor de mim, sem sentir que estou a cuspir no pratp que me alimentou a vida nos últimos anos.
E agora sim, estou pronta pra visitar a Pérsia, aquela porque me apaixonei quando li o Samarcanda do Amin Maalouf, e que já não existe senão no meu imaginário, mas que com certeza vai superar as minhas expectativas.
Desejo-vos um excelente 2015, cheio de saúde e alegrias, e que nele se tornem realidade os vossos sonhos, mas acima de tudo, que 2015 vos traga a vocês, e a mim, a capacidade de assumir as nossas paixões, sejam elas quais sejam, estejam elas onde estiverem, porque é isso que é ser feliz: seguir o nosso coração a cada instante.

Magnífico texto!

Ipsis verbis, eu não consigo explicar melhor que a Agnes:

Além disso, lamento que assim seja, mas nem todos os sítios podem oferecer os mesmos sonhos. Se eu quiser ser actriz de Hollywood se calhar o melhor que tenho a fazer é ir para os Estados Unidos. Ou se quiser ser astronauta da NASA. Não há nada de errado em querer alcançar os nossos sonhos e sentirmo-nos realizados com o que fazemos, mas é preciso perceber que isso nem sempre pode acontecer à porta da casa onde vivemos desde sempre. E aos meus amigos que se queixam de não poderem voltar ao país que os viu crescer… vocês são uns privilegiados, pá, o que vos move não é a necessidade mas sim a ambição, e não é preciso pedir desculpa por isso. Só não me venham com histórias, sim?

I’m a lucky bitch. Mesmo. Não se seguem fotos de praia e bikini, juro.

Então não é que descobri que há um autocarro da minha empresa que vai do Oriente até à PORTA da minha casa 8 vezes por dia? 4 de ida e 4 de volta?
And wait for it……. GRÁTIS!!!!

Em 20 minutos estou em casa. Ou no sentido contrário, no emprego.

Estou histérica, possuída, como é que é possível eu ter TANTA sorte?

A sério, espectacular meu, nem consigo acreditar. What are the fucking odds de eu ter alugado uma casa com uma paragem do autocarro da empresa à porta? Hã? Hã? Zero! No meu caso, 100%!!!

Tipo, wow!!

(pronto, agora já posso escrever normalmente sem falas duma pita histérica de 15 anos)

Isto significa que agora não há mesmo desculpa pra não ir ao escritório, e lá vou eu, tralala contentinha, duas vezes por semana, ver pessoas. Estava a fritar um bocadinho por estar sempre em casa, confesso. Eu gosto muito, mas estive 3 semanas seguidas e apanhei uma cansa. Assim passo lá 2 ou 3 dias por semana, e o resto em casa.
E de futuro posso também sonhar com este transporte.
É que até dá pra vir a casa almoçar e passear os cães, não estão a perceber, é mesmo…….

wow.

wow.

wow.

Sequelas

Tenho alguns amigos de quem sei que vou ser amiga até ser velhinha. Principalmente as minhas antigas colegas de casa, sem desprimor pros outros, mas a Marta, a Mafalda e a Tininha são como se fossem minhas irmãs.

O regresso foi também feito por elas, porque as quero acompanhar, aos novos desafios delas, sejam eles mudanças de filosofias de vida ou filhotes e maridos.
Sinto o mesmo que quando leio um livro e adoro os personagens e de repente o autor cria uma sequela. Tenho saudades destes personagens, quero saber o que lhes aconteceu, acompanhar o dia-a-dia deles, saber como lidam com as alegrias e com as contrariedades.
Regressar é então como ler a sequela.
E tal como nos livros, perdi 6 anos de aventuras. Não é possível ler mais que a sinapse destes, por isso há um esforço para poder ler a continuidade sem ter de saber os ínfimos detalhes, esforço esse que começou pelo facto de ter feito de tudo para viver o mais próximo possível delas. A Mafi vive em Coimbra, a Tininha em Mafra, mas vivo a 500 metros da Martinha. Foi condição sinequonone (escreve-se assim?) para a escolha da casa nova em Lisboa.
Tenho visitado a Marta, seu dedicado e amoroso esposo (de quem gosto a pacotes) e filhotas de quem já gosto como sobrinhas verdadeiras, o mais possível, digamos que mais ou menos de 15 em 15 dias me convido pra jantar, e não há uma única vez que não me sinta em casa.
Mas hoje foi a primeira vez que voltei a estar sozinha com a Marta e durante duas horas pusemos a conversa em dia, não sobre o porquê de eu ter voltado ou sobre como eu me sinto, não sobre como se portam as miúdas, mas sobre o dia de hoje, como é que correu o trabalho, sobre o futuro e coisas novas que fazemos, falamos sobre HOJE.
E de repente voltei a sentir-me como quando já vamos a meio do livro, e voltamos a estar embrenhados na nova história, coisa que só acontece quando o autor deixou de repisar no passado.
A questão que se levanta é: quanto tempo é que levamos a voltar a entrar na rotina dos outros, daqueles que deixamos pra trás quando fomos pra fora? Quão importantes são as pessoas que cá ficaram não é algo que se discuta sequer! Mas estarão eles preparados ora nos receber?
Nós estamos preparados para voltar e egoistas como somos, achamos que a vida só se passou pra nós, só nós é que tivemos emoções diárias provocadas por desafios constantes como encontrar casa, aprender um novo idioma, encontrar novos caminhos profissionais, enfim. Mas, e é óbvio, a vida de todos muda a uma velocidade estonteante, nós  como pessoas mudamos imenso, todos nós, não só a de alguns.
Então e agora regressados, começamos novamente! Mas qual o ponto de partida? O da há 20 anos ou o de há 6 anos atrás? Estaca zero? Queremos ler a sequela ou reler o livro antigo? E eles?
Estaremos nós, os que regressamos, preparados para deixar os livros antigos na prateleira? E eles?
Quanto tempo leva a cada um de nós, aos que fomos e aos que ficaram, para querer  ler uma sequela? 
Eu hoje descobri que, é, efectivamente, um enorme privilégio ter uma biblioteca cheia de livros encadernados em pele, mas eu adoro sequelas, e sabe-me mesmo muito bem deixar de reviver passados e ler sinapses aproveitando, e bem, o livro que tenho nas mãos, acabadinho de comprar, a cheirar a papel novo e por folhear. E sorte a minha, também eles querem. Mas nem sempre é assim, e eu tenho de me preparar psicologicamente pra isso. É um esforço de ambas as partes, não depende só de mim. E se hoje correu muito bem, dias haverá em que não será assim. E eu vou ter de me conformar, porque afinal quem decidiu partir fui eu, não foram eles. 
Nunca tinha pensado nisto.

Festival Todos em São Bento no Domingo passado

No Domingo passado recebi uma mensagem eram aí umas duas da tarde: queres vir ao Teatro?
Nem perguntei sobre o que era, disse só que sim, e combinei com o pessoal às 3 e meia.
Meti-me no carro e perguntei a direccão: São Bento, Assembleia da República.

Mas não me vou meter em manifs e cenas, pois não?
Não, não, vamos ao Festival Todos.
O que é isso?
Já vais ver.
Quando dei por mim, estava a subir as escadarias da Assembleia. Nunca lá tinha estado, é lindíssimo! 
Sala do Senado.
Estava lá uma moça a fazer uma performance. Não era teatro afinal de contas, mas uma conversa diferente com o público que quisesse assistir, sobre Desigualdade.
Não vou discorrer muito sobre o assunto, porque não me apetece estar aqui a elaborar sobre o que eu acho sobre o que outros acham sobre o “porco capitalista”, ou sobre o quão ridículo é querer delimitar salários máximos numa empresa privada. Vou só dizer que além de não concordar minimamente com o discurso da Senhora, acho que foi uma seca.
Quase adormeci. Foi giro vê-la cantar no púlpito pelo inusitado da coisa, alguém a cantar no púlpito da Sala do Senado, mas fora isso: boooooring.

Saídos da Assembleia, encontro a Manuela, mais uma das minhas amigas que voltou da Holanda e aterrou em Lisboa (do meu grupo de amigos em Amesterdão (e na Holanda), já cá estamos SETE), e eu de repente senti-me numa peça de teatro, em que os personagens de vários actos se reunem todos neste acto presente, todos parte da minha vida passada e da presente, e espero que da futura. Foi uma sensação muito grata, não sei explicar.
Pensando que ia de regresso ao carro, começo a perceber que existem actividades por todo o lado. E vejo um alinhamento de pessoas a …. ler! Em voz alta. Num corredor formado por pessoas que lêem em voz alta, vestidas de negro, passam outros, como eu, que vieram ao Festival, e que os escutam.
Também entrei no corredor, claro! Liam todos o mesmo pedaço de texto, continuamente, mas não estavam sincronizados, logo ouvia-se várias vozes e vários bocados de texto, com entoações diferentes, sobre a igualdade.
Muito giro!

Ainda dei um salto a uma exposição de fotografia, numa casa mesmo em frente ao mercado, e vi como as pessoas do Bairro de São Bento foram fotografadas nos seus pátios, em família, posando como há 100 anos atrás, em fotos com um tratamento que me fez duvidar da temporalidade. Outra coisa engraçada foi ver como os Portugueses são o produto de tantas nacionalidades, vê-se nas feições e nos traços que sugeriam descendências claramente da América do Sul, da Índia, de África e Árabe. Todos muitos morenos, de cabelos lisos e olhos rasgados. Alguns com olhos claros, outros muito baixinhos, e ainda a nova geração mais alta. Vejam o cabeçalho do site pra terem uma ideia: http://festivaltodos.com/
Vim a casa jantar com dois amigos, e regressei ao Festival pra ver a Orquestra Todos.
Dancei até não me consegui mexer, no meio dum ambiente espectacular, com pessoas do mundo todo, muitos Portugueses também, e uma boa onda que não consigo descrever.
A Orquestra é realmente muito boa, as vozes são magníficas, a mistura eclética de instrumentos é cinco estrelas, e fiquei, como não, fã deste Festival que ocorre todos os anos por esta altura em São Bento.
Foi mais um domingo altamente, que não esperava, e que me fez pensar que é por coisas destas que eu regressei. Gosto tanto de cá viver!